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O RITUAL da BENZEÇÃO

  • casadocaminhoaruan
  • 22 de mai. de 2023
  • 2 min de leitura

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A benzeção é uma prática baseada em crenças arraigada na mistificação e executada por meio de um ritual. Cada benzedeira possui um rito próprio, uma maneira singular de benzer, mesmo quando se trata da mesma benzeção. Essa singularidade na prática da benzeção a torna ainda mais fascinante, uma vez que presenciamos várias maneiras de se alcançar o mesmo objetivo: a cura através da fé. A maneira que se benze, bem como os objetos utilizados, de diferentes maneiras pelas benzedeiras5 , visam principalmente a cura das inúmeras moléstias do corpo e da alma. O ritual da benzeção, com todo o mistério que a envolve, carrega na prática a qualidade de trazer a quem a procura um conforto que muitas vezes não foi encontrado em outros ambientes e com outros métodos medicinais. A prática da benzeção com jaculatórias, orações fixas, objetos, indicação de remédios e ainda o conforto pela palavra de quem benze, fascina pelos resultados constatados. E mesmo diante do fato de que o número de benzedeiras vem diminuindo periodicamente, não deixa de mostrar-se eficaz e presente na comunidade, e ainda com a preocupação em dar continuidade nesta prática, por parte de quem benze, por saber da importância da mesma na comunidade em que se vive. Quintana (1999) nos apresenta três fases fundamentais que compõem o processo ritualístico da benzeção: o diálogo, a benção e por fim as ições. O diálogo é o primeiro contato entre o benzedor e o benzido, neste momento o cliente fala de sua vida, seus problemas, angústias e aflições. Não é somente a característica somática6 que envolve esse momento, ela é por sua vez uma atenção secundária, pois o aspecto mais conciso do diálogo é a intenção e o vínculo fraterno estabelecido entre o sujeito e o objeto da benção. Estabelecido o primeiro vínculo, a benzedeira inicia o ritual da benção, que pode ser de inúmeras maneiras: imposição das mãos, recitação de jaculatórias e orações, gestos em forma de cruz sobre o benzido, etc. Fazem uso também de ramos, talos, panos entre outros objetos. É na benção que é suplicado o fim almejado. A benzeção não encontra seu ponto final na benção. Após o ritual da mesma chega o momento da prescrição. Esta por sua vez acontece das mais variadas formas, uma vez que dependem primordialmente da queixa apresentada durante o diálogo. Nessa última fase do ritual, a pessoa que benze fala o que sentiu durante a benzeção e prescreve orações ou mesmo chás e ervas, como veremos.


4. É o caso da Reforma Ultramontana, que tinha como objetivo aplicar as considerações do Concílio de Trento e entre outras coisas reprimir as práticas do catolicismo popular. Sobre isto ver OLIVEIRA; MARTINS, 2011.

5. Ao longo deste artigo utilizaremos o termo “Benzedeira”, no feminino, mas sempre querendo se referir tanto às figuras femininas como masculinas que efetuam esta prática.

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