PSICOLOGIA e a UMBANDA
- casadocaminhoaruan
- 28 de out. de 2024
- 4 min de leitura

Como psicólogo não posso deixar de perceber como a personalidade do médium vai sendo moldada com o desenvolvimento das incorporações, como sutilmente vai modificando o interno do médium com o decorrer do tempo.
Muitos já me perguntaram porque na umbanda não tem um trabalho de preparo intimo para os médiuns, porque os dirigentes simplesmente desenvolvem os médiuns e não preparam seus íntimos.
Penso que os dirigentes deveriam desenvolver um trabalho de desenvolvimento interior dos médiuns, com raras exceções, a maioria dos terreiros não há uma preocupação em desenvolver um trabalho especifico para a melhora do intimo dos médiuns.
Mas ao refletir sobre o assunto percebi que este trabalho e realizado de forma silenciosa pelos guias espirituais.
A reforma intima do médium acontece na incorporação e nos contatos com os guias. A possibilidade de trabalhar varias linhas diferentes, permite ao médium a possibilidade de incorporar à personalidade o princípio do
arquétipo que rege a linha.
Assim ao incorporar um preto-velho ou preta-velha, o médium vai desenvolvendo em si a paciência, a bondade, o carinho, a empatia, o amor, a compreensão ao outro. Se estas características já eram uma tonica no seu
ser, então aprimora ainda mais estas qualidades, trazendo a tona uma energia amorosa, que flui naturalmente em si, permitindo que as qualidades do guia possam fluir naturalmente.
Quando estas qualidades não estão desenvolvidas o guia vai aos poucos incutindo no médium esta qualidades até que possa fluir naturalmente. A consciência destas possibilidades de aprimoramento, pode facilitar a entrega
do médium ao seu preto-velho. E desenvolver uma energia amorosa única. Assim quanto mais incorporar seu preto-velho ou preta-velha, mais o seu chakra cardíaco vai se abrindo permitindo uma intensa luminosidade no seu ser.
Ao incorporar um caboclo ou cabocla, o médium, o médium aprende a ordem, a disciplina, o ritual, a eficiência do trabalho, a priorizar o que é importante, a trabalhar com ervas, com os vegetais, com as pedras, a quebrar
demandas, sempre sem falar muito, somente o necessário, sem querer aparecer, trazendo uma força grande em si, aprende a conhecer o seu próprio poder, a força que possui.
O arquétipo dos caboclos e das caboclas é o do poder da luz, no auxilio ao humano, aos espíritos que estão em evolução, e saber que tem força interna suficiente para suportar as provações que certamente o médium passará, assim cada caboclo vai aos poucos moldando a energia do seu médium, tornando o disciplinado, atento a ritualística, ao companheirismo aos seus irmãos, levando força aos irmãos que sofrem, e suportando em si muitas vezes as dores do outro. Aprende a resignação quando recebe os ataques em decorrência do seu trabalho mediúnico, aprende que ao suportar as aflições sem reclamar dos guias, está fortalecendo seu intimo. Criando uma estrutura psíquica forte em si com capacidade, de relacionar com os adventos da vida de forma
harmoniosa.
Os ciganos também aprimora seus médiuns, trazendo a suavidade, a beleza, o encantamento, o envolvimento, a intuição, a paixão pela vida, pela belo, pela musica, a cura.
A linha do grande oriente, onde incorporam guias orientais, hindus, mulçumanos, chinês entre outros, estimula no médium o caminho da evolução espiritual através dos estudos, da meditação, do conhecimento das leis
divinas, do amor, da verdade, da ciência, da arte, do belo.
Estimulando o médium no caminho da ascensão espiritual, fazendo-o a eliminar da sua vida tudo que é pernicioso a sua ascensão.
Exu e Pomba-gira, trazem a tona a sombra do médium, aquilo que necessita ser trabalhado e está escondido no seu ser. A ganância, a soberbia, a ira, o ciúme, os medos indizíveis, o orgulho, o perfeccionismo entre outras coisas. Exu tem a capacidade de espelhar o que está no intimo do médium, mostrando o que está no seu interior. É só perceber como seu exu ou pomba-gira se comporta e terá uma pista do que traz no seu intimo.
O trabalho com a própria sombra e facilitado com a incorporação dos Exus e Pomba-gira. Assim quando o médium diz: meu exu é galanteador, é importante o médium ver o quanto traz de Don Juan, quando a pomba-gira é indisciplinada, o quanto o médium tem de rebeldia não trabalhada, Exus orgulhosos, médiuns necessitando trabalhar a soberbia, pomba-gira vaidosas em excesso, médiuns necessitando trabalhar a vaidade. E assim sucessivamente, muitas vezes também o Exu e Pomba-gira espelham qualidades intimas dos médiuns, tais
como: exu eruditos, médiuns que buscam o conhecimento, pomba-gira trabalhadora, médium esforçada, Exus guerreiro, médium batalhador e assim por diante as qualidades e defeitos dos médiuns são espelhadas por Exu e
Pomba-gira.
Aprendem com eles o médium que tiver coragem de se olhar sem medo, e perguntar o que seu guia de esquerda traz que desagrada, sem medo, pois exu está ai para isso mesmo, mostrar o que não queremos esconder, trazer a tona àquilo que precisa ser trabalhado.
O trabalho de auto-conhecimento podem e devem serem desenvolvidos dentro dos terreiros, permitindo a todos que freqüentam, ferramentas que possibilitariam um aprimoramento de si-mesmo. Converse com seu dirigente e
veja a possibilidade de criar grupos de auto-conhecimento.
Autor:
José Antonio de Souza, Psicólogo e Dirigente umbandista.
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